Countdown

Saturday, April 3, 2010

Ontem comecei a sentir que estou há tempo demais em Cascais. Ainda não tinha sentido os efeitos de "deixar de viver sozinho", mas realmente começo agora a ver que é um problema real. Não percebo muito bem o que aconteceu aqui. Era suposto estar rodeado de um punhado de gente que se dá bem e em poucos meses apenas tudo isso se desvaneceu.

Será que sou eu que na realidade era a pessoa que fazia a ligação? Aquela que pegava no telefone e combinava as coisas? E que agora, com este apagar da minha capacidade de iniciativa, simplesmente deixou de se combinar o que quer que fosse? Eu tenho a impressão que não. Isto porque toda a gente continua a ter as suas vidas, as suas combinações.

É nestas alturas que começo a meter em perspectiva algumas coisas. O que são realmente os "amigos", os verdadeiros mesmo? Não acho que sejam sequer aqueles que estão "à distância de um telefonema". Esses são os das emergências. Os verdadeiros amigos serão aqueles que sentem a nossa falta. Que por não ouvirem notícias durante um dia ou dois reparam que há alguma coisa fora do normal e pegam no telefone para saber de nós. E que se notarem que o telefone está desligado há tempo demais ficam mesmo preocupados e não param de nos procurar até fisicamente nos porem a vista em cima e certificarem-se que estamos vivos e que recebemos a ajuda que precisamos.

Na onda das frases dos pacotes de açúcar da Nicola, digo "Um dia vou desligar os telefones e cortar a ligação à Internet". Só não digo que hoje é o dia. Quando decidir que consigo distinguir entre "sentir-me sozinho" e "sentir-me abandonado" faço uma coisa dessas. Aproveito para meter a leitura em dia, tocar muita guitarra e escrever o que me vai na alma, mas em papel mesmo.

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