Countdown

Thursday, December 24, 2009

The Passenger

Passei os olhos pela secretária com a ideia de a arrumar e dei por mim a fitar a chave do carro.

A chave do meu carro, de certa forma, define-me como "o condutor". Quando estou ao volante sou, na medida do possível, dono do meu destino. Eu tomo as decisões e eu escolho para onde ir e a pressa com que quero chegar ao meu destino. Há muitos anos que é assim. Apercebo-me que raramente me coube o papel de passageiro e, quando se perspectivava a possibilidade de me calhar esse papel, fiz de tudo para evitar não estar em controlo do que se passava. No mínimo queria saber tudo o que pudesse de forma a nunca me sentir perdido e de ter sempre uma palavra a dizer para indicar o caminho.

Mas felizmente que existem momentos marcantes na vida. Momentos marcantes aparecem em todas as formas e feitios. Mas os meus preferidos são, claramente, os que envolvem um cenário fora do vulgar, música e pessoas de significam muito para mim. Alguns destes momentos marcantes têm ainda a característica adicional de nos fazer provar formas de estar que antes seriam sumariamente rejeitadas.

Ser "o passageiro" é diferente. Sabe bem. Saber mais ou menos para onde vamos, mas não saber como lá chegamos. É a surpresa, a sensação de ir com a corrente e, pelo caminho, ver e sentir algo que pensava não voltar a ver tão cedo. É uma perspectiva diferente, quando nos sentamos no banco do lado direito e não temos controlos ao nosso alcance. Sabemos que vamos andar em frente e o único desvio que vemos é a próxima mudança de direcção que aparece no caminho. Depois desse certamente haverão mais desvios. Mas lidamos com eles quando aparecerem.


Tuesday, December 15, 2009

Fim da década

Faltam agora pouco menos de 3 semanas para acabar a década. Até agora, foi a melhor década deste novo milénio. Bem... para ser justo também foi a pior, mas é melhor olhar como se o copo estivesse meio cheio.

Acho que já referi no post anterior que parece que as coisas à minha voltam mudam ciclicamente de ano para ano. Isto é, nenhum ano acaba em condições semelhantes às do ano anterior. Este ano não é excepção. Vejo à minha volta muitas coisas a acabarem e outras a começarem. Espera... Isto não é bem verdade. O que vejo à minha volta são coisas a mudarem. Pessoas a mudar. Relacionamentos a mudar. Sonhos a desfazerem-se e a dar lugar a novas ilusões para nos alimentar no dia a dia. Realidades a materializarem-se com as quais nem sonhavamos.

Mas no fundo a mudança é normal. As coisas estão sempre a mudar. O nosso grande problema é quando não conseguimos aceitar que mudamos ou não conseguimos admitir que o mundo à nossa volta mude. Nessa altura estaremos a agarrar-nos ao passado, desesperadamente a tentar agarrar algo que já não está lá, enquanto tentamos ao mesmo tempo correr atrás do que poderá vir a ser. Nunca é uma boa combinação. Mas as coisas só acabam se não nos adaptarmos às mudanças. Afinal de contas, são as mudanças que tornam a nossa vida tão interessante.

Wednesday, December 9, 2009

Ano novo...

Após um ano a morar "sozinho", eis que a minha experiência de habitar em Lisboa está a chegar ao fim. Ainda esta semana segue a carta para terminar o contrato de arrendamento, que só fica efectivo lá para finais de Fevereiro. Mas tendo em conta que escrevo isto no meu computador e já em Cascais, para mim já deixei de morar em Lisboa. Até agora morava em Lisboa e ocasionalmente ia dormir a Cascais e agora vou passar a dizer precisamente o contrário.

É o passo mais importante de 2009. Porque a partir de agora torna irreversível a minha aventura de 2010. Até lá vou poder poupar dinheiro da renda e deixar de ganhar só para os gastos.

Adeus Lisboa. Foi uma excelente experiência e deu-me praticamente tudo o que tenho hoje. Estou-te muito grato, mas era uma relação condenada desde o início.

Monday, November 30, 2009

O outro lado do espectro

Quando recentemente criei este blog, encontrava-me claramente o lado "meh". Hoje sinto-me do outro lado do espectro. O "estranho" é que já dura mais que uma semana. Digo estranho porque é algo a que claramente não estava habituado. Os meus últimos dois anos foram uma sucessão de acontecimentos a tender para o negativo de tal forma que, embora pontualmente vivesse momentos muito positivos, eu já mal sabia o que era estar assim. Já não sabia o que era levantar-me todos os dias e chegar ao trabalho com um sorriso. Já não estou aborrecido quando não tenho nada para fazer e não estou de má vontade quando tenho trabalho nas mãos. Estamos no último dia do mês e tanta, tanta coisa aconteceu desde dia 1 de Novembro. A minha vida deu uma volta enorme e sinto que para mim foi para melhor.

Mas sobretudo não me quero questionar demasiado quanto aos motivos para estar assim. Vou é só aproveitar estes dias e esperar que durem :)

Wednesday, November 25, 2009

É extraordinário como uma conversa agradável, uma boa noite de sono, excelente música e um ambiente calmo fazem com que de um dia para o outro o que estava tudo mal passe a ser encarado com um sorriso na cara :)

Monday, November 23, 2009

Regresso ao trabalho

Não demorou nem 10 minutos a sentir a necessidade de voltar a ter férias. Mas isso deve-se também à natureza das próprias férias. Mal me sentei à secretária voltou a sensação de cansaço provocado pela confusão e desorganização que eu nem sabia que tinha acontecido enquanto estive fora. As mesmas conversas da treta, a mesma multidão que invade a nossa sala onde estamos a fazer trabalhos de raciocínios já a puxar para o complexos só naquela de despejar o primeiro disparate que lhes passa na cabeça e que fica por ali como se não tivessemos mais nada para fazer. O ar carregado de uma sala grande, mas pequena demais para a multidão. A sensação de estar a trabalhar para o boneco. Sou pago, mas bolas, sentir que não sou totalmente inútil é uma boa sensação. E já não a sinto há muito tempo.

Mas há lados positivos. O sorriso da malta que me revê depois de 3 semanas (aqueles que notaram que não estive lá). A troca de impressões dos destinos de férias. Os comentários acumulados dos acontecimentos da bola das últimas semanas.

E acaba por aí. Não foi uma boa reentrada. É pena, mas por outro lado ainda bem.

Saturday, November 21, 2009

Fight Club Wisdom

Claro que já vi este filme a minha boa dose de vezes. Mas não sou do tipo de decorar passagens de todos os filmes que vejo para sempre. Lembro-me de algumas. Normalmente do último filme que vi.

Desta vez isto começou com um status no Facebook. Claro que tinha que ser uma frase do Fight Club. Mesmo que não soubesse imediatamente, era muito fácil desconfiar que era uma citação de algum lado e fazia highlight da frase, right-click e "search on google". Mas a frase ficou a ecoar-me na cabeça. Fui rever o filme. Um sem-número de excelentes citações mais tarde e várias horas de sono a menos, continuou a ser a frase que ressoa na mente.

"It's only after we've lost everything that we're free to do anything".

E é verdade.

Gostava de explorar um pouco mais esta vertente mas não o vou fazer. Há muitos anos, antes de haver estas coisas das Intérnétes, as pessoas tinham diários. Neles escreviam tudo o que quisessem, que saberiam que mais ninguém ia ler. Cada um escrevia pela sua razão. Uns para relerem daí a 40 anos. Outros só para terem uma forma de verbalizarem o que sentiam e assim organizarem o pensamento para chegarem a algum lado, outros planeavam se calhar um dia divulgar o que escreviam.

Depois um dia apareceram os blogs. E há coisas que deviam ser ditas mas ao mesmo tempo deviam ficar silenciadas. Os blogs são para o mundo. Parte-se do princípio que em algum lado alguém vai ler. Ora eu não mantenho um diário. Principalmente porque escreveria tão poucas vezes nele que ao fim de um par de entradas teria perdido o caderno, para o encontrar vários meses ou mesmo anos depois numa qualquer arrumação de mudança de casa. Portanto o que fiz foi escrever aqui tudo o que sentia e queria colocar no diário, ler e reler o que acabei de escrever e em seguida seleccionar esse parágrafo e eliminá-lo.

Problema resolvido.

Um dia, provavelmente quando virar costas à minha vida actual, talvez coloque isto devidamente por escrito ou falado. E até lá vai continuar na minha mente.

Thursday, November 19, 2009

Deus manda-nos ser bons, não parvos

Definitivamente há pessoas que não merecem quem têm. E há pessoas que não sabem o que poderiam ter, mas essas eu não culpo. Afinal de contas há 6 mil milhões de nós na Terra, como é suposto alguém adivinhar o que poderia ter? But I digress. Fiquei outra vez feito estúpido à espera de uma pessoa que não apareceu. É uma história que se repete há muitos anos e eu deixo-a repetir-se porque sou estúpido. Penso sempre "nah, desta vez é diferente. Afinal já não combinamos nada há tanto tempo..."

Not anymore, though. Perdi a pachorra. Desta vez deixei bem expresso o meu desapontamento e a minha falta de pachorra para aturar mais cenas destas.

Que sirva de aviso a muito boa gente por esse mundo. Tenho-me em conta como sendo uma boa pessoa. Estou sempre lá para os amigos e as pessoas com quem simpatizo. Mesmo não esperando nada em troca. Mas há um limite para a quantidade de vezes que admito ser ignorado e esquecido. O limite não está bem definido e suponho que varie de pessoa para pessoa, mas ele existe. Não tenham dúvidas que ele existe.

E é melhor que eu me vá lembrando disso também.

Monday, November 16, 2009

Solidão e Companhia

Tirar férias em Novembro tem uma desvantagem fundamental que rapidamente dá para converter numa vantagem, se feito com jeitinho. Aliás, agora que comecei a escrever a 2ª frase do post, dei por mim a apagá-la sem ter bem a certeza se era uma vantagem ou uma desvantagem. Não faz mal, depois decido. Tenho pena que as pessoas com quem quero realmente estar não estejam cá. Agora estão a trabalhar. Mas no verão também estão de férias fora de Lisboa, portanto não é por aí. Estão dias chuvosos e cinzentos. Mas isso não faz mal porque eu simpatizo com este tempo. Sou daquela espécie de pessoas a quem a praia diz muito pouco ou mesmo nada e este tempo carregado faz-me vontade de vestir uma camisola e ir preparar um chá (e é exactamente o que vou fazer assim que acabar de escrever isto). Não ter demasiadas coisas combinadas faz com que grande parte do meu dia seja passado sozinho, à frente do computador, a ouvir música, a mexer nas fotografias, a ver filmes... Tudo o que há de melhor para descansar. E dou ainda mais valor aos minutos que consigo passar com as minhas pessoas.

Além disso mandei imprimir 12 fotografias para prender nas paredes do meu quarto. Agora está muito mais acolhedor e sinto-me mais acompanhado, nem que seja só pelas memórias que essas fotografias me despertam. Juntamente com o meu quadro de cortiça dos bilhetes de concertos, a enorme Union Jack que trouxe das férias e o mapa de Londres, o meu quarto agora não me deixa esquecer o meu grande objectivo para 2010.

E agora, vamos lá a esse chá.

Friday, November 13, 2009

Week 1

Bem, está a chegar o primeiro fim de semana depois da viagem e o tempo é de decisões. Se bem que a minha cabeça está decidida. Tenho saudades de andar nas ruas de Londres e apetecia-me ir mais logo ao pub e depois sair.

Ao menos cá tenho jantar fora com os amigos. É tão bom, se não melhor mesmo :)

Monday, November 9, 2009

Lá longe

Voltei de Inglaterra hoje. Tenho mais duas semanas de férias que felizmente vão servir de periodo de reflexão importante.

Foram 4 dias muito, muito intensos. Desde o primeiro instante em que na 5ª feira de manhã pus o pé fora da estação de metro e olhei para a City pela primeira vez que senti uma muito agradável sensação de calor interno de familiaridade. Sim, eu estava a olhar para o mapa para me guiar, estava a olhar para a esquerda ao atravessar a estrada em vez de para a direita e tudo aquilo era novo e mágico para mim, mas sentia-me em casa.

Não quero entrar em detalhes. Contar uma viagem a quem não foi é chato. Porque o que posso contar é onde fui e o que vi. Para que conste vi praticamente tudo o que havia para ver, mas só do lado de fora (excepto o Madam Tussaud's, que era bom demais para deixar passar). A magia da viagem é que acabou por ser um walkabout para mim. Em 4 dias sinto que respondi a mais questões sobre mim que alguma vez tinha conseguido nos últimos 2 anos. Tive tempo para pensar e para colocar as coisas em perspectiva. Tive tempo para estar sozinho e para estar acompanhado. Ri despreocupadamente, chorei, estive apático, alegre, perdido e exactamente consciente de onde estava.

O melhor de tudo foi sentir o ambiente. Eu pensava que o Bairro era um sítio especial. Onde muita gente saía à rua para se divertir nas noites de folga. Eu não estava preparado para o que encontrei. Ali, a cidade saía à rua para celebrar. O que celebravam era com cada um. É melhor deixar à imaginação esse detalhe, que acaba por ficar ainda mais mágico. Mas toda a gente se arranjava cuidadosamente como se fosse uma festa cara de passagem de ano, disfarçavam-se sem motivo de força maior para o fazer e divertiam-se.

Liverpool foi a cereja no topo do bolo. A descrição "ahh... é como o Porto" não faz justiça à realidade nem pouco mais ou menos. Não sei descrever de outra forma. Quem está mais próximo de mim já me ouviu dizer nas úlitmas 24 horas que acordei de manhã, olhei pela janela e pensei: "Encontrei".

Para quem foi comigo, quem encontrei lá e quem conheci lá:

Thank you so much. I have found my home.

Monday, November 2, 2009

Sejamos realistas

Reality check: O mundo é feito de mentiras, ilusões, manipulações e injustiças. Naturalmente que o truque é fazer com que tudo isso esteja fora de balanço mas a nosso favor.

Posto isto e dado que é relativamente fácil com um pouco de jeitinho manipular alguém que esteja disposto a sê-lo, porque não tentar manipular-me a mim mesmo? Afinal de contas uma mentira repetida vezes suficientes torna-se verdade, já se diz desde... bem... desde sempre.

Comecei hoje mesmo a fazê-lo. Depois de um par de dias a dormir com pesadelos de eventos passados misturados com pessoas do presente e fantasias metidas a martelo, decido que se a minha mente me anda a pregar partidas, então vou eu tentar passar-lhe a perna também.

Hoje foi o último dia de trabalho antes das férias. 3 semanas. A primeira vez que tenho mais que 5 dias de férias nos últimos 18 meses. Vai-me saber tããããão bem. No entanto foi um dia incrívelmente parado. Tendo passado muito tempo à espera que o chefe me atendesse para eu poder ir descansado de férias, resolvi fazer uma coisa que tinha prometido evitar. Ligar o MSN. E em boa hora o fiz. A manhã foi passada numa boa conversa. A tarde também. A noite também está a ser boa. Sinto-me mais bem disposto, sabendo que há pessoas perto e longe que me querem bem e que apesar (quase) nunca nos termos visto, tratamo-nos como se fossemos amigos de longa data.

Hoje vou dormir melhor. Não vou ter pesadelos. Estou de férias. Take that, mind of mine! Depois mais dia menos dia trato de reestablecer as relações com o meu coração, que continuam meias cortadas.

E agora?

Postado em "How I Blogged Your Mother", 1 de Novembro de 2009:


O que se faz quando se precisa desesperadamente de uma resposta mas ninguém pode saber a pergunta? E quando se precisa muito de desabafar mas a mente se recusa a comunicar? E quando os sonhos nos dizem coisas que queremos absolutamente que estejam erradas?

Chegamos a dúvida para o lado e procuramos outra resposta a outra pergunta noutro sítio?

Não há nada tão mau...

Postado em "How I Blogged Your Mother", 30 de Outubro de 2009:


... que não possa piorar. É a minha frase pessimista do costume e que mais uma vez se estava a comprovar a cada minuto que passava, a cada sms enviada/recebida e a cada aviso do gmail de que havia mensagem nova.

Mas a semana lá andou. E bocadinho a bocadinho lá se foram resolvendo os problemas. Bem... resolvendo talvez seja um termo muito forte. Na realidade sinto que não fiz assim tanto. O certo é que chego a 6ª feira e sinto o dia mais leve. Consegui uma boa noite de sono, o que também ajuda muito, mas penso, não... espero que desta vez tenha batido no fundo e que a melhoria esteja para durar, nem que seja devagarinho.

Para a semana começam as minhas férias, mal posso esperar :)

Natureza Imutável

Postado em "How I Blogged Your Mother", 26 de Outubro de 2009:


Cada vez mais tenho a certeza que as pessoas não mudam. Nunca. O mais que acontece é apanharmos um par de surpresas por descobrirmos algo que não conheciamos nelas.

Bairro Moribundo

Postado em "How I Blogged Your Mother", 24 de Outubro de 2009:


Foi daqueles casos em que a realidade foi mais exagerada que a minha imaginação. Na altura em que iamos para o Boca do Inferno regularmente e semana sim semana não faziamos a pergunta de "porque é que continuamos a vir para aqui?" e depois de ter ouvido mais que uma vez "porque é que vão para esse bar péssimo?" nunca pensei que se um dia o Boca não estivesse aberto que o Bairro perdesse mais de metade da piada que tinha.

Sim, depende das pessoas com quem se está, claro. Tão depressa me divirto na conversa no Indie Rock, no Tertúlia, no Catacumbas, no Sudoeste, na ZdB, no meio da rua à porta de um tasco que venda litrosas ao preço da chuva, até no Spot ou no Arroz Doce se for preciso. Não sou esquesito.

Mas as minhas pessoas, aquelas com quem gosto especialmente de passar um bom bocado, só querem o Boca. E isso faz com que não seja a mesma coisa. Nem as fotografias ficaram a mesma coisa. É pena.

Mas é preciso encontrar outro sítio onde ir para passar um bocadinho da noite ou arriscamo-nos a que não se vá sair mais. E se por um lado é chato ter ficado sem o nosso sítio, muito pior é arriscar a ficar sem as saidas no geral só porque não dá para ir para ali. Quem gosta de estar com os amigos diverte-se em qualquer lado.

Da próxima podemos experimentar o miradouro. Diz que é um sítio agradável, se bem que à chuva não funciona.

Fim. Da Semana.

Postado em "How I Blogged Your Mother", 23 de Outubro 2009

Foi uma semana francamente má. Felizmente que escrevo isto a 1 hora e 43 minutos de sair do trabalho para fim de semana. As coisas não ficam magicamente boas mas com uma boa dose de companhia dos amigos ao longo do fim de semana, uma caixa de sushi para o jantar, a perspectiva de fechar os estores e dormir até deixar de ser fisicamente possível continuar na cama deve dar para adiar os problemas até para aí 2ª feira.

E o enorme entusiasmo da Claudinha pelos dias em Inglaterra está-me a contagiar. Quer dizer, mal posso esperar pelas férias, mas assim ainda estou mais em pulgas :)

Tempestade

Postado em "How I Blogged Your Mother", 21 de Outubro de 2009:


Não gosto da expressão "mau tempo". Isto porque regra geral eu até gosto de tempo frio, com chuva. Sou mais tipo de suportar o frio que o calor. E o barulho da chuva é agradável durante a noite para dormir. Normalmente estou bem disposto nos dias de tempestade, porque à minha volta vejo quase toda a gente a queixar-se "merda para a chuva", "odeio este vento", "porque é que não podem estar 50ºC todo o ano" e assim e eu posso dizer para mim próprio que até gosto disto. Pode ser que seja por ter vindo de um sítio frio, muito frio.

Este ano é excepção. Este ano tudo me preocupa. Tenho a alma carregada como as nuvens que cobrem a cidade. Feridas tanto recentes como antigas que reabrem e que a chuva parece não conseguir lavar. Vejo-me a perseguir os mesmos objectivos de sempre e eles sempre um bocadinho de nada fora do meu alcance. Vejo promessas feitas e que não podem ser cumpridas, conselhos dados com a melhor das intenções mas com base em informações incompletas e experiências descontextualizadas.

Depois fecho os olhos e a situação é a mesma. Mas agora num cenário surrealista que só os sonhos são capazes de materializar. Durante o sono, os meus medos da vida real não me perseguem mas no entanto dão lugar aos que felizemente não existem quando estou acordado. E quando volto a abrir os olhos de manhã para atravessar o quarto e desligar o despertador, abate-se a rotina de novo. Longe, sozinho, amedrontado, descredibilizado perante mim mesmo e sem confiança. Dez horas depois regresso ao meu cantinho onde procuro conforto e a antítese do meu dia. Mas não a encontro. No dia seguinte haverá mais.

Melhores dias virão. Espero mesmo que sim. Porque acredito na sabedoria popular de que não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. Mas depois lembro-me sempre que não há nada tão mau que não possa piorar. Mas quero acreditar que melhores dias virão. Não sei é quando, se bem que dava jeito que eles chegassem depressa. Por favor.