Countdown

Thursday, December 24, 2009

The Passenger

Passei os olhos pela secretária com a ideia de a arrumar e dei por mim a fitar a chave do carro.

A chave do meu carro, de certa forma, define-me como "o condutor". Quando estou ao volante sou, na medida do possível, dono do meu destino. Eu tomo as decisões e eu escolho para onde ir e a pressa com que quero chegar ao meu destino. Há muitos anos que é assim. Apercebo-me que raramente me coube o papel de passageiro e, quando se perspectivava a possibilidade de me calhar esse papel, fiz de tudo para evitar não estar em controlo do que se passava. No mínimo queria saber tudo o que pudesse de forma a nunca me sentir perdido e de ter sempre uma palavra a dizer para indicar o caminho.

Mas felizmente que existem momentos marcantes na vida. Momentos marcantes aparecem em todas as formas e feitios. Mas os meus preferidos são, claramente, os que envolvem um cenário fora do vulgar, música e pessoas de significam muito para mim. Alguns destes momentos marcantes têm ainda a característica adicional de nos fazer provar formas de estar que antes seriam sumariamente rejeitadas.

Ser "o passageiro" é diferente. Sabe bem. Saber mais ou menos para onde vamos, mas não saber como lá chegamos. É a surpresa, a sensação de ir com a corrente e, pelo caminho, ver e sentir algo que pensava não voltar a ver tão cedo. É uma perspectiva diferente, quando nos sentamos no banco do lado direito e não temos controlos ao nosso alcance. Sabemos que vamos andar em frente e o único desvio que vemos é a próxima mudança de direcção que aparece no caminho. Depois desse certamente haverão mais desvios. Mas lidamos com eles quando aparecerem.


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